Emagrecimento, por quê esse tema é tão especial pra mim?
A gordinha
bonitinha
Passei a vida sendo gordinha. Quando se nasce numa família de origem Italiana, como eu, as pessoas com sobrepeso são vistas como bonitas e saudáveis. Eu
compreendo. Uma família que havia sofrido os horrores da guerra com escassez de todos os tipos de alimentos na Itália; que atravessou o continente de navio em condições precárias, inclusive tendo que jogar uma
filha ao mar, porque a garota de cinco anos havia morrido durante o trajeto Itália/Brasil
nos idos de 1900. No Brasil, enfrentavam filas imensas na tentativa de comprar
os alimentos que não produziam nas fazendas, para onde foram trabalhar, em Jaú
interior de São Paulo. Está justificado. Uma menina gordinha, sem dúvida,
parece ser a mais bonita, saudável e “rica”
de um grupo de crianças mal-nutridas, como foram eu e meus irmãos na nossa
infância. Tudo bem, os elogios constantes que ouvia durante minha primeira
infância me enchiam de orgulho, o acontece que minha mãe também vinha
engordando muito com o passar do tempo.
Apego
emocional à comida
Abandonada pelo marido aos nove meses de gestação e com mais
sete filhos abaixo de 15 anos para sustentar, ela se entregou a comida e a
religião como os únicos bálsamos para suas dores. Não dá para condenar, foi o
que ela pode fazer para sobreviver. O
problema é que com o sobrepeso vieram as doenças: pressão alta, diabetes,
problemas renais, gangrena e um fim trágico aos 63 anos.
Vivi ao lado de minha mãe como uma apaixonada pela grandeza
de sua alma. Nos últimos anos de sua vida, passei boa parte do tempo atrás de médicos,
remédios, clinicas. Valia qualquer coisa que pudesse trazer a saúde de volta
para essa que foi o maior exemplo de dignidade em minha vida. Porém, tudo em vão. Pelo seu apego emocional
aos alimentos, aqueles como: pão branco, macarrão, que saciavam tão bem suas
necessidades emocionais, ela não conseguia seguir nenhuma dieta alimentar.
Lembro de um período que a internei na Clinica Tobias - clinica que baseia o tratamento
médico nos princípios filosóficos da antroposofia, introduzida por Rudolf
Steiner - para se submeter a tratamentos alternativos. A primeira coisa que o médico perguntou a ela foi:
“o que a senhora tem comido para estar no estado em que está hoje?” Realmente
ela estava muito mal, diabética, trinta quilos acima do peso recomendado para
sua altura; na perna, uma grande ferida, causada por uma batida de uma cadeira
na canela, ao tentar apartar uma briga dos cachorros na minha casa, enquanto
ela cuidava dos meus filhos pequenos, para que eu pudesse trabalhar; o coração
e os rins enfraquecidos pela diabetes. Poucos anos depois, após uma série de
internações em hospitais e já com os rins paralisados, minha mãe faleceu.
(minha mãe aos 19 anos, ainda em Jaú, São Paulo.)
Obesidade,
um inimigo sorrateiro
A diabetes é uma ilustre desconhecida na minha vida. Apesar
de não a conhecê-la tão bem, ela sempre marcou presença na saúde de minha
família, assim como já tem dados os primeiro sinais de sua presença na minha
vida também. Sei que o sobrepeso é um dos gatinhos para acelerar o avanço da
doença e suas complicações devastadoras.
Por isso, o emagrecimento é um grande desafio, tanto tentar frear meu próprio
ganho anual de peso, quanto também para dar dicas aos que querem manter sua
saúde longe desse inimigo que age às escuras sem ser pressentido. Até o próximo encontro!
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