Um novo
lugar no mundo
Hoje, aos
51 anos de idade, depois de casar, descasar; trabalhar e perder o trabalho;
criar filhos e deixá-los ir para construir suas vidas próprias; sonhar muito e
realizar muito pouco; amar e perder o amor, decidi procurar um lugar no mundo. Como
diz a Maria Robinson "Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo
começo, mas qualquer pessoa pode começar agora e fazer um novo final",
quero começar um novo final para mim.
Nesta fase de vida que estou, espero encontrar mais significado nas coisas. Os objetivos que acompanharam minha juventude os deixei pelo caminho. Quando se tem pais, escola, patrão ou marido, que diz pra gente o que se deve fazer, pra onde ir, a vida é mais simples. Porém, quando se perde essas
referências, quando os "donos" das nossas vidas nos deixam, deve ser o mesmo sentimento que os escravos sentiam quando recebiam a tão esperada carta alforria, uma felicidade imensa, do mesmo tamanho da estranheza de não se saber para onde ir. Na minha vida, isso acontece muito antes da entrada na meia-idade. Ai fiquei procurando motivos para acordar pela manhã e continuar
a construção da minha história. É preciso encontrar uma resposta para a pergunta: Para quê?
Muitas paixões
Desde que me conheço por gente, estou envolvida com os sabores e
dissabores da alma humana. Por conta da minha "vocação" fui estudar
Psicodrama, Psicologia Social das Organizações e Coaching, tudo isso para continuar envolvida
com as pessoas donas dos dramas. Outros temas chegaram a mim por pura paixão: saúde
natural, culinária natural, artesanato, permacultura etc. Na companhia desses assuntos me perco, deixo a vida passar...
Percalços no mundo corporativo
Atuei como consultora organizacional, avaliando e aconselhando executivos para se desenvolverem e assumirem novos posições em cargo de liderança nas organizações. Apesar de ser uma atividade
interessante, com bons ganhos financeiros, o ambiente corporativo, da forma
como encontrei naquele momento, não me entusiasmou a continuar contribuindo por muito mais tempo.
Pelo contrário, me assustei com o que vi. Tirando um ou outro, cujo dinheiro
comprava a paz necessária, a maioria das pessoas estavam angustiadas,
estressadas, infelizes, muitos não se identificavam com as atividades que
exerciam. Lembro de um rapaz que, aos 28 anos, estava muito acima do peso ideal , e que, apesar de recém-casado, não tinha mais de 2 dias
para estar ao lado da esposa. Visivelmente com a saúde debilitada, ele me relatou que
sofria de insônia, se alimentava mal, estava estressado e sentia muita culpa
por não estar ao lado da esposa, como ambos queriam naqueles primeiros
meses de casados. Não é para menos. O rapaz saia do Brasil na
segunda-feria, passava por 3 países da America Latina e retornava ao Brasil na
sexta, para mais uma reunião sobre cobranças e resultados. Na semana seguinte,
ela fazia tudo novamente. Para mim, um quadro dramático. Aquele rapaz
poderia ser meu filho, meu genro, um amigo próximo, gente que amo e que não
quero que sofra daquela forma. Mas o que deveria aconselhar ao jovem executivo
(essa era também minha função) para que ele atingisse o topo da organização? Que
trabalhasse mais? Aproveitasse as horas vagas durante os vôos para otimizar o
trabalho? Que fosse mais eficiente, apesar do sofrimento expresso em seu rosto
e corpo? Não, isso é violentar meus valores. Solicitei à empresa que o
mandasse para terapia com um psicólogo. Quem sabe ele pudesse refletir sobre
quais os valores que comandam sua vida, naquele momento. Claro que,
nem ele, nem a empresa que me contratou, gostou do relatório que enviei à
empresa-cliente - empregadora do tal rapaz - porém, neste caso, minha consciência
ficou em paz. Depois vieram muitos outros avaliados, em outras empresas, porém os dramas eram semelhantes e a organização não tinha espaço para os acolher.
Sintonia mente/coração
Depois de sofrer muito percorrendo caminhos equivocados, acabei pagando
com a própria saúde. Tive uma crise de depressão em meados de 2012 e acabei
acumulando 25kg de sobrepeso. Lógico que a saúde lançou seus sinais para me avisar sobre os perigos que poderiam vir. E vieram: diverticulite aguda, diarreia, desidratação, entre
outros problemas não menos importante. A partir daí, decidi direcionar
meus esforços para o encontrar uma atividade profissional que conciliasse o
desejo do meu coração com minhas crenças. Como a gente sempre vai para o caminho certo, pelo amor ou pela dor, pesquisei muito sobre saúde,
tratamentos naturais, visitei clinicas de recuperação
da saúde, retiros espirituais e mosteiros. Com essa sintonia entre mente e coração pude escolher um caminho
novo de vida, logicamente passa pela atividade profissional também: a Naturopatia. Acabo de ingressar num curso de Formação de
Terapeutas em Naturopatia Holística, que irá me capacitar em terapias complementares para a saúde do corpo e da alma. E no final de 2014, estarei apta a conquistar meu número no CRT -
Conselho Regional de Terapeutas.
Blog
O blog será mais um exercício de aprendizagem, na administração, na
linguagem, na forma, no conteúdo. Tudo está em teste, assim como eu também sou a
principal aprendiz. Vou registrar minhas descobertas, o trajeto rumo a uma vida mais leve e saudável. Você é meu convidado, até o próximo encontro.
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